Equitação de Trabalho
Como surgiu?
Originária dos países europeus, a Equitação de Trabalho tornou-se competição esportiva, com o objetivo de valorizar os diferentes estilos de montaria utilizados no trabalho de campo.
Ricardo Nardy Silva montando Recruta Interagro, durante II Etapa do
Campeonato Brasileiro Equitação de Trabalho. Foto: Ney Messi
Os pioneiros na utilização do cavalo na lida do campo foram países como Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha e Bélgica. Para este trabalho do dia-a-dia na fazenda, lançaram mão de diferentes raças, geralmente empregando as originárias de suas terras. Isso permitiu que estas atividades fossem transportadas para as pistas de competição, em eventos regionais e nacionais, conservando, no entanto, as características de equitação e trabalho no campo desenvolvidos pelas diferentes raças em seus países.
Com o crescimento e amadurecimento da competição, a Equitação de Trabalho ganhou um Campeonato Europeu, no início dos anos 90, com regulamento equilibrado e de consenso entre os países participantes.
O Brasil e o Lusitano entram onde nessa história?
A partir de 2002, a modalidade ganhou um Campeonato Mundial e passou a ser aberta a países de outros continentes. Brasil e México aceitaram o convite e mostraram força. Conjuntos brasileiros brilharam nas pistas de Beja, em Portugal, conquistando o título de Campeão Mundial, na disputa Individual com a vitória de Fábio Lombardo e o PSL Brilho do Rimo, e de Vice-Campeão Mundial por Equipe, sem contar o terceiro lugar conquistado por Luciano Pereira e Navarro AJR, outro conjunto Lusitano.
Estival Interagro
A equipe brasileira tirou proveito do conhecimento e categoria de nossos ginetes, já habituados à modalidade graças ao aprendizado de Equitação Portuguesa, prova obviamente relacionada ao Puro Sangue Lusitano. Paralelo a isso, contou também com toda a preparação e planejamento da ABPSL e de muitos criadores, que desde cedo acreditaram na capacidade de nosso nobre cavalo na Equitação de Trabalho. Os portugueses sempre usaram Cavalos Lusitanos, alcançando muito sucesso.
Hoje, o Brasil conta com um Campeonato Brasileiro movimentado e repleto de disputas acirradas, que lotam centros hípicos por onde passam. O Puro Sangue Lusitano continua sendo o carro-chefe da modalidade, onde demonstra sua versatilidade, equilíbrio, agilidade e temperamento.
Conheça as provas
A disputa de Equitação de Trabalho é dividida em quatro provas diferentes ― Ensino, Maneabilidade, Velocidade e Prova da Vaca (esta última, apenas nas competições por equipes) ―, em que são somados todos os pontos para efeito de classificação final.
Prova de Ensino: É a primeira etapa a ser cumprida. Trata-se de uma prova de Adestramento, realizada sobre uma reprise formada por entre 15 e 17 exercícios que devem ser obrigatoriamente cumpridos. A não execução de qualquer movimento zera o competidor nesta prova. A finalidade da etapa é demonstrar as habilidades do cavalo na realização dos exercícios de ensino, atendendo imediatamente aos comandos do cavaleiro. As manobras refletem a condução necessária para o animal de lida executar as tarefas do dia-a-dia. Exercícios como troca de mão, mudança de direção, controle da velocidade e recuo, entre outros, são avaliados. Essa prova é executada em terreno liso, nua pista retangular com dimensões de 40x20m, delimitada por uma cerca com altura mínima de 30cm e máxima de 50cm.
Prova de Maneabilidade: Segunda etapa das disputas de Equitação do Trabalho, tem como objetivo pôr em evidência a capacidade do cavaleiro e do cavalo de superarem, com tranqüilidade, precisão, estilo e regularidade alguns obstáculos que reproduzem dificuldades encontradas no campo. Estes obstáculos, numerados e distribuídos na pista, devem ser transpostos apenas ao passo e ao galope, e a cada um deles, atribui-se uma nota, além das notas de conjunto. O cavalo deve estar calmo, flexível e relaxado, porém confiante e atento. O cavaleiro, por sua vez, deve requisitar cada exercício com total clareza e precisão.
Luiz Donizete de Andrade e Baramir Interagro
Prova de Velocidade: Com pista similar à Prova de Maneabilidade, esta etapa objetiva evidenciar a capacidade do cavaleiro e do cavalo de superarem, no menor tempo possível, alguns obstáculos que reproduzem dificuldades encontradas no campo. Os obstáculos são numerados e podem ser transpostos ao passo, trote ou galope.
Prova da Vaca: Similar ao Team Penning, esta etapa é obrigatória apenas para a disputa em equipe. Realizada numa pista retangular, cercada e delimitada, a Prova da Vaca tem como objetivo a separação de uma cabeça de gado de um lote e sua condução a outro extremo da pista. Só o animal determinado é que pode ser conduzida por apenas um cavaleiro, ao outro lado da pista. Os outros três conjuntos exercem a função de auxiliares, não permitindo que a rês escolhida retorne ao lote ou saia do controle do condutor.
Entenda as categorias
Aberta a cavaleiros e amazonas acima de oito anos de idade, a Equitação de Trabalho divide-se em categorias distintas, em que podem participar cavalos e éguas, que tenham quatro anos de idade ou mais. Não podem participar éguas prenhes ou com potros ao pé.
Mini-Mirim (Reprise Nível I): A categoria Mini-Mirim é aberta para cavaleiros de 8 a 11 anos de idade, montando cavalos que tenham ou não participado de competições oficiais de Equitação de Trabalho. Nesta categoria, fica liberado o uso de um mesmo animal por até dois cavaleiros distintos. O uso do capacete é obrigatório.
Mirim (Reprise Nível II): A categoria Mirim é aberta para cavaleiros de 12 a 15 anos de idade, com cavalos que tenham ou não participado de competições oficiais de Equitação de Trabalho. É permitido o uso de um mesmo animal por até dois cavaleiros diferentes. Será obrigatório o uso de capacete.
Júnior (Reprise Nível III): A categoria Júnior é aberta para cavaleiros entre 16 e 19 anos de idade, montando cavalos que tenham ou não participado de competições oficiais de Equitação de Trabalho.
Amador I e II: As categorias amadoras são abertas exclusivamente para atletas amadores. Cavaleiros ou profissionais remunerados por quaisquer atividades relacionadas aos cavalos, mesmo que proprietários de animais, não podem participar desta categoria. As categorias Amador I e II são divididas em dois níveis de dificuldade de reprises: níveis I e II. No nível I, só poderão competir os cavaleiros que tenham atingido um número máximo de 10 pontos no Ranking Brasileiro de Equitação de Trabalho. No Nível II, poderão competir cavaleiros que tenham 11 ou mais pontos no Ranking Brasileiro de Equitação de Trabalho. Em ambas as categorias poderão ser utilizados cavalos ranqueados ou não, ou seja, de qualquer nível de equitação.
Gincana: Será aberta a amadores, proprietários e simpatizantes das provas de Equitação de Trabalho desde que não profissionais e que não tenham nenhum ponto no Ranking Brasileiro de Equitação de Trabalho. A categoria Gincana será realizada como abertura da Liga de Velocidade, usando os mesmos obstáculos sorteados para a prova. Na ocorrência da não realização da Liga, fica a cargo da organização divulgar o horário da realização da categoria. O regulamento da categoria Gincana será o mesmo observado para a Liga de Velocidade sagrando-se campeão o conjunto que realizar o percurso em menor tempo. A Gincana é uma prova-show e, até por isso, não acumula pontos válidos no Ranking Brasileiro de Equitação de Trabalho.
Cavalos Iniciantes (Reprise Nível I): Aberta para cavalos que competem pela primeira vez na Equitação de Trabalho ou que somam no máximo quatro pontos no Ranking, com cavaleiros de qualquer nível de equitação, ranqueados ou não. Nesta categoria, independente da idade do cavalo, somente será permitido o uso de bridão.
Aspirantes (Reprise Nível I): Para cavaleiros a partir dos 12 anos de idade, que até o dia 1º de janeiro do presente ano, não tenham atingido um número máximo de quatro pontos no Ranking Brasileiro de Equitação de Trabalho, com cavalos de qualquer nível de equitação, ranqueados ou não.
Preliminar (Reprise Nível II): Para cavaleiros e cavalos que tenham atingido cinco ou mais pontos no Ranking Brasileiro de Equitação de Trabalho, não necessariamente formando um único conjunto. Quando ambos (cavalo e cavaleiro) tiverem obtido mais de 10 pontos no Ranking, não poderão participar desta categoria.
Elementar (antiga Intermediária) (Reprise Nível III): Para cavaleiros e cavalos que tenham atingido mais de 10 pontos no Ranking Brasileiro de Equitação de Trabalho. Não serão permitidos os conjuntos que tiverem disputado essa categoria por mais de duas temporadas, consecutivas ou não.
Forte (antiga Principal) (Reprise Nível IV): Aberta para quaisquer conjuntos, mas isso implicará na proibição da participação deste mesmo conjunto nas disputas de outras categorias em campeonatos futuros, caso o conjunto obtenha cinco ou mais pontos no Ranking. Nesta categoria, é obrigatório que o cavalo seja conduzido apenas com a mão esquerda.
Será permitida a participação do conjunto em categoria superior a que ele se enquadre, mas, o conjunto que assim o fizer, não mais poderá retroceder à categoria inferior em nível de dificuldade.
Com relação à vestimenta, será obrigatório o uso das camisetas contendo os logos dos patrocínios, somente sendo permitida a exceção em caso de traje português.
Fonte: ABPSL