Canaletto Interagro & Bomilcar Interagro/Interagro Lusitanos

Revista Horse: Saiba como iniciar o potro na atrelagem e não erre mais

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22/04/2009 – Revista Horse: Saiba como iniciar o potro na atrelagem e não erre mais

A atrelagem tem feito novos adeptos no Brasil. A iniciação do potro na atrelagem deve acontecer após os três anos e o treinamento adequado dura entre seis meses e um ano

A doma dos eqüinos é um processo delicado e interessante. Para se obter um bom resultado em pouco tempo, é necessário que o treinador esteja preparado para conviver em tempo integral com o potro. O cavalo, além de ser utilizado para o lazer, pode ser usado como animal de trabalho e para a prática de modalidades esportivas. O cavalo precisa transmitir sensação de confiança e segurança para o seu cavaleiro ou para o charreteiro, como, por exemplo, na atrelagem.

Atrelagem
A atrelagem é um ramo da doma que consiste em atrelar um veículo ou implemento a um animal, seja para esporte, lazer ou trabalho. Segundo Susana Cintra, da Associação do Cavalo Bretão, é importante verificar as características das raças para atrelagem, pois essas, sempre vão depender da função a qual se destina, como também o objetivo do criador e condutor.
A atrelagem pode ser esportiva, de lazer e de trabalho. A esportiva ocorre em competições oficiais da FEI e são compostas por três provas em que um mesmo conjunto é avaliado: Adestramento, Maneabilidade e Enduro (ou Marathon). A prova também é separada em categorias por idade e porte físico, isto é, separam-se as raças de pônei, das raças de sela (de salto e mestiços de tração pesada), das raças de tração pesada, e cada uma compete com uma velocidade diferente. No restante as regras são as mesmas.
A atrelagem para o lazer é feita com diversos tipos de veículos, dentro ou fora da fazenda, em desfiles pelas cidades, para passeios agradáveis com a família e amigos. No Brasil, a maior tradição são os desfiles de romarias pelas cidades, organizadas por comunidades de uma região e também os desfiles dos eventos eqüestres, onde participam todas raças, desde mini-pôneis, mulas, cavalos de todas as raças de sela, ou cruzadas, até chegar aos Bretões, puxando todos os tipos de veículos.
A atrelagem para o trabalho ainda é mantida nas regiões agrícolas e lugares que ainda é necessária a presença da tração animal, e tem se mantido como tradição cultural, além de trazer economia na produção da fazenda

Atrelagem esportiva
Susana explica que o Bretão e o Percheron, raças de tração pesada criadas no Brasil, vindas da França, são próprias à atrelagem devido à docilidade e as características físicas. Essas raças podem participar de provas esportivas ou funcionais que são divididas em quatro fases na atrelagem: adestramento, maneabilidade, enduro e tração.
Adestramento: Como no clássico, é a prova feita em pista com as letras nas quatro laterais, onde são feitas figuras, e as passagens de passo para trote e galope. É avaliado também a apresentação do conjunto, tanto na parte técnica como na estética.
Maneabilidade: Prova em pista, em que é feito um circuito com cones delimitando as passagens e obstáculos (água, ponte de madeira, etc), podendo ser de regularidade (com velocidade estipulada) e contra o tempo.
Enduro: Prova em campo aberto, de grande extensão de percurso, com velocidade estipulada, isto é, prova de regularidade. É a prova de resistência onde se conduz ao trote e galope as atrelagens.
Tração: Provas de força, realizadas em pista de areia fina normalmente, onde se mede a força e a obediência do animal. Podem ser feitas com toras de madeira, ou com trenó carregado com pessoas ou com material pesado. É contra o tempo, mas existem várias penalidades durante a condução, que só pode ser feita com a voz.
Os condutores podem participar dessas provas com um cavalo ou com parelhas de dois, quatro ou seis cavalos atrelados a um veículo.

Escolha da raça
Para ter bons resultados na atrelagem é importante escolher cavalos da raça adequada para o trabalho. A característica principal do Bretão e das raças de tração pesada, é a docilidade que faz com que ele assimile melhor os comandos, aprendendo mais rápido que um animal de sela mais enérgico, ou de sangue quente. Com isso, pode-se ter um animal de confiança em menos tempo, segundo Suzana.
Esta mesma característica aliada a ser muito paciente, também faz com que mesmo ao deixar um Bretão muito tempo parado, sem trabalhar, quando pegá-lo para atrelar, ele sairá do mesmo jeito que há alguns dias ou semanas atrás. O bretão surpreende no quesito energia, pois ele tem de sobra, e faz com que ande tranqüilamente ao trote alongado e peça a todo instante rédea, dando prazer a quem conduz e é conduzido dentro da atrelagem.
Susana afirma ainda que o animal que se destina à atrelagem, tem que ter um perímetro toráxico maior, ossatura forte, garupa ampla, boa saída de pescoço, bem implantado, e uma paleta mais oblíqua. Além dessas características físicas é importante analisar o temperamento do animal, como ser dócil, mas com energia, paciente, corajoso, sociável com outros animais e principalmente com os humanos, com fácil motivação, sensível ao toque e principalmente que goste de ser e trabalhar atrelado. “Por essas características é que o Bretão e outras raças de tração pesada, como o Percheron, se enquadram como as raças adequadas para atrelagem”, afirma.

Agilidade
Outro Segundo o ex-jóquei e atual treinador de atrelagem, Valter Santos Costa, conhecido como Macuco, para uma atrelagem mais rápida e leve são adequadas raças de salto ou de sela elegantes, como o Oldenbourg, o Trakehner, o Lipizzan, o Hackney, o Lusitano, o American Troter, o Friesian, o Sela Francês, ou ainda mestiços dessas ou das raças de tração pesada.
Macuco explica que se o domador pretende utilizar o cavalo tanto para sela, como para atrelagem, o correto é que o animal seja domado primeiramente na atrelagem e, em seguida, na sela. “Depois que já colocou a charrete no cavalo, ele fica acostumado e pôr a sela fica muito mais simples”, afirma.
Outra dica que Macuco dá é sobre a utilização da “saia” no cavalo. Quando o cavalo atrelado é mais ágil, esse acessório, faz com que mantenha o ritmo e não comece a galopar, mudar o andar ou trotar e assim dificultar o passeio ou a competição. “A “saia” é muito utilizada nos cavalos de corrida, mas para alguns cavalos mais rápidos, ela também poderá ser muito útil”, acrescenta Macuco, que foi jóquei durante muitos anos.
Iniciando o potro na atrelagem
A zootecnista afirma que para iniciar o potro na atrelagem é necessário que o animal já seja domado. O treinamento na atrelagem leva, normalmente, dois a três meses, mas para ter um animal de total confiança, esse período estende-se de seis meses a um ano, o que vai depender da raça e da função. Por este motivo, como no hipismo clássico, os melhores animais para atrelagem são os que estão acima de cinco e seis anos.
Susana esclarece que a idade ideal é a partir dos três anos, quando o animal passa de potro para adulto, e quando o corpo já está mais preparado para iniciar os treinamentos e esforços. A idade também reflete na aprendizagem, isto é, quando eles são jovens são brincalhões, se distraem mais facilmente.
Antes das etapas principais da doma, é recomendado que a partir do nascimento, os potros devem ser cabresteados e escovados freqüentemente, tirando as cócegas do corpo, manias e, ao mesmo tempo, para que se acostumem com o contato humano. A partir dos 18 meses já podem ser iniciados os trabalhos na guia leve, duas vezes por semana durante 15 minutos, somente com a cabeçada e sem bridão. Os primeiros passos se assemelham ao da doma racional para sela.
Os eqüinos são sensíveis e aceitam tanto as carícias e afagos como o castigo ou correções. Sempre que o potro responder positivamente a um estímulo, deve ser acariciado (sob a forma de pequenas batidas coma palma da mão na tábua do pescoço), estimulando-o e incentivando-o a responder sempre assim, quando solicitado.
Por outro lado, quando o animal agir errado ou, principalmente, quando rebelar-se, deve ser corrigido (sob a forma de “quebra de cabresto”). No entanto, deve-se atentar para que tanto as carícias como as correções sejam executados logo o animal realize a ação para que o animal relacione a ação com a resposta do treinador.

BOX
Lusitanos na área
Segundo a assessoria de imprensa da Fazenda Interagro, em Itapira, a atrelagem é uma espécie de “triatlon” que tem por objetivo demonstrar a versatilidade do condutor e cavalo atrelados. Recomendado para ser praticado em família, pelo prazer que proporciona, a Atrelagem é um esporte para todas as idades, não exigindo o mesmo grau de conhecimento e esforço físico da equitação.
A fazenda é pioneira na utilização do cavalo Lusitano na atrelagem no Brasil e único criador da raça a desenvolver uma linhagem própria de animais para a prática deste esporte. Esse trabalho começou a ser desenvolvido em 1998, num trabalho que envolve diferentes fases.
A primeira delas é a seleção dos produtos que revelam inclinação para o esporte através dos andamentos e biótipo dos animais. A segunda fase é o desbaste e trabalho de equitação, e só depois do animal se mostrar completamente equitado é que passa a ser treinado especificamente para a Atrelagem. O primeiro treinamento é individual; depois eles passam a ser treinados em parelhas.

Características do Lusitano
O cavalo Puro Sangue Lusitano possui características próprias para atrelagem, pois além de ser forte e dono de porte elevado, possui andamentos progressivos e alongados e boa suspensão no trote, principal andamento para esse esporte.
As apresentações públicas são criteriosamente selecionadas, em eventos como mostras agropecuárias e da própria raça. No Jaguariúna Rodeio Festival, considerado o rodeio mais moderno do País, a Atrelagem das Fazendas Interagro já faz parte da programação, dando brilho e elegância às aberturas da festa. Nas Exposições Internacionais do Puro Sangue Lusitano é o único criatório da raça a se apresentar com parelhas de quatro e seis animais.
Outro trabalho que é realizado paralelamente à seleção dos animais para a atrelagem, são os cursos de formação de profissionais ministrados por Antonio Mariano de Souza, condutor-chefe da fazenda desde 1988. Por duas vezes Souza estagiou em Portugal. Em 1994, fez equitação com Jorge Souza, e em 1997, na centenária Coudelaria de Alter – conhecida mundialmente pela seleção e treinamento de cavalos Lusitanos para esta modalidade – com Dr. Luis Lupi.
Dedicando-se integralmente à modalidade, Souza competiu pela primeira vez conduzindo uma parelha e no ano seguinte um team de quatro animais. Atualmente, já atrela times de seis, oito e até de 10 cavalos, todos juntos atrelados por parelhas.
Passo a passo:

1ª Etapa – Trabalho na guia – Consiste em rodar o animal em círculo com uma cabeçada sem bridão e guia longa de 8 a 10 metros e depois pode ser feita também com uma cabeçada com um bridão. De preferência, este exercício deve ser feito dentro de um redondel. Roda-se para os dois lados, fazendo-o parar, andar ao passo, ao trote e ao galope, com o comando de voz. Normalmente começa-se com 15 min/dia até chegar a 1 hora/dia e dura cerca de 15 dias, dependendo sempre do animal e da raça escolhida. Se o animal já estava sendo trabalhado na guia desde potro, só é aumentado a freqüência do exercício e o tempo realizado por dia. Nesta fase pode-se colocar os arreiamentos de atrelagem para que o animal se acostume com eles batendo no corpo.

2ª – Trabalho de rédeas longas (vulgo “charreteamento”) – Consiste em conduzir o animal do chão com 2 rédeas longas de cerca de 6 a 8 metros cada, que saem dos anéis do bridão apropriado, e passam pelos anéis laterais do selote com barrigueira, nesta fase também se coloca uma coalheira ou o arreamento completo da atrelagem para o animal ir se habituando. Esta etapa dura cerca de 15 dias.
3° – Trabalho ao trenó/pneu – É uma etapa indispensável para a educação do cavalo de atrelagem. Consiste em colocar um pneu de caminhão ou trator , com duas cordas e um balancim saindo da coalheira ou do peitoral, e aí já se recomenda uma garupeira e uma fixação na cauda. O pneu é o material mais utilizado na iniciação para evitar qualquer machucado mais grave, caso o animal recue por cima, ou o pneu chegue a encostar em suas pernas, mas se utiliza também um pequeno trenó ou tora de madeira, normalmente após o animal ter se habituado a puxar o pneu , isto é, um objeto diretamente no chão. Esta etapa dura cerca de 15 dias.

4° -Trabalho com um veículo – É a última etapa, e a mais delicada, que requer paciência e é prudente a ajuda de mais uma pessoa. Normalmente se utiliza um veículo simples e leve, com 2 varais de madeira e rodas, como uma charrete, ou até mesmo somente um aparato de PVC ou bambu sem rodas, com 2 varais e um suporte atrás, assim o animal habitua com a pressão dos varais nos costados, nas paletas, nas coxas e flancos. Nesta etapa podemos colocar apetrechos que façam barulho, para o animal se acostumar a não se assustar e ter confiança em quem o conduz, como também sair pela estrada, passando por caminhões, tratores, valas, água, etc . E quando o animal estiver tranqüilo e fazendo todos os comandos, é a hora de colocar o veículo que ele vai trabalhar ou passear. Nas primeiras voltas o ideal é fazer numa pista e a pessoa que vai ajudar acompanha de perto o animal pela frente, podendo também ser colocado uma guia. Depois a pessoa acompanha o condutor em cima do veículo, e aí podem sair pelas estradas, esta etapa dura cerca de 20-30 dias, e no caso da atrelagem esportiva dura mais tempo, pois o animal precisa ser bem treinado, e aí pode chegar a 60-90 dias de treinamento.

Juliana Machado


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