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NOSSA HISTÓRIA

INTERAGRO

Origens e evolução do PSL

Este é o resumo de uma longa história que se estende por mais de 4.000 anos! Conhecê-la é muito importante porque dela se retiram ensinamentos, evitando a repetição de erros cometidos no passado. Numa raça milenar não há mais o que inovar; apenas preservar uma preciosa realidade. A própria raça, bem conservada, se encarregará de produzir sua evolução e necessárias melhorias e adaptações.

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O uso da cavalaria como arma de guerra na Península Ibérica é muito anterior ao que se tem notícia no resto do mundo antigo, datando de segundo milênio A. C. Não há provas do uso do cavalo de sela na Antiguidade; na iconografia da Babilônia e do Egito antigos, só aparecem cavalos engatados, puxando carros de combate.

Sabe-se que antes mesmo do período neolítico já se usava o cavalo domesticado na Península Ibérica. Achados arqueológicos, como as tumbas de guerreiros no sul da Península, demonstram terem existido, na idade do Bronze, grupos que combatiam montados, enquanto os infantes carregavam alabardas, que são armas próprias para derrubar cavaleiros.

Homero na Ilíada (Canto XVI) faz menção aos Cavalos Ibéricos, velozes como o vento e filhos da Harpia Podargo, fecundada pelo vento Zephir quando pastava pelos prados das margens do Rio Oceano (o Atlântico). Freios, ferraduras e armas de ferro datando das invasões celtas (séc. X e V a.C.) comprovam a continuidade do uso da Cavalaria na Península Ibérica. Tucidides e Xenofonte relatam que um grupo de cavaleiros Ibéricos foi mandado por Dionísio de Siracusa em auxílio aos espartanos na guerra do Peloponeso (séc. IV a.C.)

 

“A descrição das Guerras Púnicas por Estrabão é cheia de referências aos exímios cavaleiros lusitanos que facilmente atingiam eminências abruptas onde cavaleiros de outras nações não se aventuravam.”

 

Na invasão da Espanha pelos Cartaginenses (séc. III a.C.) os cavalos ibéricos infligem pesadas perdas aos invasores, morrendo Amílcar, pai de Aníbal. Este, quando parte para a Itália, leva um numeroso contingente (12.000 cavalos) da cavalaria ibérica. Estrabão, relatando estas campanhas, considera os lusitanos exímios cavaleiros, que atingiam “eminências abruptas onde cavaleiros de outras nações não se aventuravam”. Asdrúbal, irmão de Aníbal, levou consigo cavalos ibéricos para Cartago.

O cavalo que aqui na América se originou e posteriormente se extinguiu, para cá retornou, sob a forma do cavalo ibérico trazido pelos conquistadores espanhóis. Esse retorno deu-se inicialmente na ilha Hispaniola (S. Domingo), com os primeiros cavalos e éguas que Colombo trouxe na sua segunda viagem em 1493. De lá, espalharam-se pelas ilhas de Porto Rico, Cuba e Jamaica e delas para América Central e Colômbia, de onde passaram para o Peru, Equador, Bolívia e Chile. Chegaram ao México com Cortez e daí expandiram-se pelo oeste da América do Norte. Na América do Sul chegaram em 1535 trazidos por Pedro Mendoza. Por outro lado, os cavalos abandonados, quando da destruição de Buenos Aires pelos índios, constituíram a base de numerosas manadas dos cimarrones ou baguales, que por sua vez, deram origem ao cavalo Crioulo. Cabeza de Vaca em 1541, trouxe cavalos para o Paraguai, desembarcando na costa brasileira, provavelmente em Santa Catarina.

Todas as raças cavalares formadas no Continente Americano são direta ou indiretamente descendentes dos Cavalos Ibéricos. Nos Estados Unidos, o Mustang ou Mesteño, o Quarto de Milha, o Appaloosa, o Seminola e o Cayuse ou Indian Poney. Na América do Sul, o Crioulo, que salvo modificações do meio ambiente, é mesmo cavalo do Norte ao Sul do Subcontinente.

 

“Todas as raças formadas o Continente Americano, como Mustang, Quarto de Milha, Appaloosa, Seminola, Cayuse, Mangalarga, Crioulo, Campolina, etc descendem direta ou indiretamente do Cavalo Ibérico.”

 

No período imperial, como atestam Políbio e Tito Lívio, os cavaleiros ibéricos foram terríveis adversários para as legiões romanas durante guerras que duraram mais de 200 anos. Os romanos, como relata Dr. José Monteiro:

“… nunca se notabilizaram pela sua cavalaria, sempre batida pela cavalaria ibérica… A própria tática de combater e a equitação da Península são adotadas pelos romanos. Grande reputação como cavaleiro e domador de cavalos teve o lusitano Caio Apuleio Diocles…que viveu no Século III da nossa era e teve uma estátua em Roma, no Campo de Marte”.

Segundo o Dr. Ruy d’Andrade, hipólogo e “pai da linhagem” Andrade, as estátuas de Balbo, de Calígula (com Incitatus, o cavalo de altos andamentos) e mais tarde a de Marco Aurélio (que era espanhol) são sinais evidentes do cavalo ibérico que usavam os romanos.

Os bárbaros que ocuparam a Ibéria (409) não fizeram desaparecer a civilização romana e a criação cavalar continuou. Isidoro nas “Laudes Hispanie” diz que os cavalos ibéricos eram os melhores do mundo.

Romanos e cartagineses e todos os demais invasores trouxeram animais da Itália, Líbia, Numídia e Mauritânia e de outras regiões nas sucessivas incursões que realizaram na Península Ibérica.

Porém, como bem diz Ruy d’Andrade:

“… a calma e o descanso que gozou a Espanha desde 100 anos antes de Cristo até cerca de 500 d.C. representam um período de cerca de 600 anos, que acrescido de mais 250 anos do período Godo (450 a 700 d.C) completa um total de mais de 800 anos, tempo mais que suficiente para a formação e fixação de uma raça plenamente adaptada ao meio.”

Na invasão dos árabes, as versões são várias e contraditórias, como atesta o Dr. José Monteiro:

“… a invasão da Península pelos muçulmanos se fez com diminuta cavalaria… quase que exclusivamente bérbere, outros avaliam-na em 17.000 cavaleiros e outros em ainda 30.000”.

Durante a longa dominação moura (711 a 1492) houve nova introdução de sangue pelas importações africanas de Marrocos. Todavia, não havendo na época grandes diferenças raciais entre os cavalos do Norte da África e os da Península Ibérica, essa nova adição sanguínea, como as anteriores, foi absorvida sem modificar o tipo racial homogêneo autóctone. Sabendo-se contudo que o cavalo ibérico encantou os novos invasores, continuando durante a ocupação moura a desenvolver-se a criação na Península Ibérica e havendo grandes exportações de animais para a África e o Oriente.

A Idade Média foi outro período de afirmação do valor do cavalo ibérico, usado nas Cruzadas por guerreiros como Ricardo Coração de Leão (1119).

 

“Para a Europa da Idade Média, o Ibérico era o verdadeiro cavalo de sangue e por isso foi exportado para toda parte para fazer cavalos ligeiros” escreveu Dr. Ruy d’Andrade.

 

Durante a Renascença, os cavalos ibéricos se destacaram na Itália sob a dominação de Ginnetes e Villani, que eram provavelmente o resultado de cruzas com cavalos vindos de França, Flandres e Alemanha. Essa influência mais se acentuou em Espanha ao tempo de Carlos V, Felipe II e Felipe III, que teriam introduzido o cavalo Napolitano.

Nos séculos XVII e XVIII procurou-se obter cavalos de maior porte e poder para levar cavaleiros vestidos de pesadas armaduras metálicas. A partir de 1700 inicia-se também a procura por animais de tiro, pois, as estradas já eram melhores, possibilitando sobretudo em França e Espanha a utilização de carros e carroças.

Data do século XVIII o início da grande diferenciação hoje evidente entre os cavalos espanhóis e portugueses. Como relata José Tello Barradas:

“… Embora havia vários fatores a condicionar a diferença entre as que hoje se consideram raças Andaluza e Lusitana, creio que o que mais pesou foi o aparecimento e total implantação do toureio a pé em Espanha… que surge nos primórdios do Século XVIII…”

Completa Arsênio Raposo Cordeiro:

“O abandono do toureio a pé na Espanha obriga a uma nova seleção do cavalo… que passou a ser usado como cavalo de recreio e animal de tiro ligeiro, onde a exuberância dos seus movimentos mais altos e menos progressivos era bem flagrante. Entretanto em Portugal, com a continuidade do toureio a cavalo, foi-se dando ao cavalo Lusitano uma mais cuidada seleção, no sentido de produzir um animal com reais potencialidades para a prática do toureio, onde não são anímicas força muscular e andamentos progressivos, com capacidade de reduções e aceleramentos bruscos.”

A partir do Século XIX, com o advento da mala postal, melhoria das estradas e introdução das ferrovias, o cavalo de sela conheceu relativo declínio, acentuado no século seguinte, principalmente após a Grande Guerra (1914/18), pelo automóvel e pela injeção dos sangues inglês e árabe nas remontas militares.

“Os cavalos ibéricos foram na própria Península vítimas dessas modas. Delas só escaparam algumas manadas de criadores vernáculos e conservadores, vivendo de realidades, que não quiseram saber de novidades.” Escreveu o Dr. Diz Ruy d’Andrade.

A força da raça mostrou-se superior a todos esses acidentes históricos e novidades, por maiores ou piores que tenham sido essas incursões sanguíneas exógenas ou modismos, o cavalo ibérico sempre acabou por triunfar e assiste-se agora, em todo o mundo, a um renascimento vigoroso da procura por esses animais fabulosos e a consequente valorização mercadológica da raça.

Assim como os poucos milhares de cavalos de qualidade inferior que os bárbaros do Séc. V trouxeram não modificaram uma massa de mais de meio milhão de cavalos da Península Ibérica daquele tempo, também a introdução do sangue árabe nos séculos VII a XV ou do sangue do norte trazido pelo modismo dos séculos XVIII e XIX não tiveram influência sensível.

Como a colonização americana demonstrou, manadas de éguas criadas a campo com cavalos soltos, revertem ao tipo original e “o espúrio desaparece, expulso pela inadaptabilidade” (Dr. Ruy d’Andrade).

Por essa razão conservou-se puro o Cavalo Ibérico, apesar de variantes de tamanho, de tipo e sobretudo de uso, nas diferentes regiões de Espanha e Portugal. Em 1967 fundou-se o Livro Genealógico Português de Equinos (Stud Book), cuja manutenção ficou a cargo da Associação Portuguesa dos Criadores do Puro Sangue Lusitano.

 PSL no Brasil

Em 1991, a Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Puro Sangue Lusitano – ABPSL celebrou com a APSL – Associação Portuguesa dos Criadores do Puro Sangue Lusitano um Protocolo de Reciprocidades, que faz com todos os Puro Sangue Lusitanos registrados no Brasil sejam também acolhidos no Stud Book Português e no de todos os países que possuem convênio análogo com Portugal. Os cavalos brasileiros de Puro Sangue Lusitano são assim universalmente reconhecidos.

No nosso País, todas as raças nacionais descendem dos cavalos trazidos pelos primeiros colonizadores portugueses e daqueles que entraram pela fronteira migratória descrita na seção anterior. O Cavalo Lusitano originou no Brasil o Mangalarga e o Campolina.

O primeiro, foi criado em Minas Gerais, por Gabriel Francisco Junqueira, barão de Alfenas que em 1821 recebeu como presente de D. João VI, o garanhão Alter “Sublime” com o qual beneficiou um grupo de éguas Crioulas.

O Campolina data de 1840, vindo o seu nome do fazendeiro Cassiano Campolina, que inciou sua criação no Sul de Minas, com éguas que foram cobertas por garanhões importados para a Coudelaria Real de Cachoeira do Campo por D. João VI.

Após essa real introdução, pouca notícia se tem do Cavalo Lusitano no Brasil. Foi somente no século passado, na década de 70, que ele reaparece em São Paulo trazido de Portugal pelo criador Antonio de Toledo Mendes Pereira, que em 1974 fundou a então denominada Associação dos Criadores do Cavalo Andaluz.

 

A par da quantidade, o mais significativo é a qualidade do plantel brasileiro, conseguida garças a aquisição de animais de grande nível em Portugal e à criteriosa seleção levada a efeito pelos criadores nacionais, que assim garantiram ao efetivo nacional um padrão de qualidade que nada deve a qualquer outro.

 

Em junho de 1994 a Associação Brasileira contava com 163 sócios, que por sua vez possuíam 2189 animais puros registrados, sendo 943 fêmeas nacionais e 282 importadas, bem como 876 machos nacionais e 88 importados. Os animais cruzados somavam nessa data 2657 cabeças. Ano a ano vem se acelerando a expansão do rebanho e do quadro social e, em decorrência da grande procura e valorização dos animais da raça é provável que, em poucos anos, o Brasil se torne o maior criador de PSL em todo o mundo.

Padrão da raça

O cavalo Lusitano inspirou descrições apaixonadas como: “um cavalo de rei em dia de triunfo”, “um cavalo que alia à beleza e harmonia do modelo um temperamento dócil e generoso e uns andamentos fáceis, cômodos e brilhantes”.

A definição mais técnica está no Padrão Oficial da Raça, publicado no Stud Book publicado pela APSL – Associação Portuguesa do Puro Sangue Lusitano.

Para ler mais descrições de grandes conhecedores do PSL autores das citações acima acesse nossa página de Citações, segue o Padrão Oficial na íntegra:

Cavalo Lusitano – Padrão Oficial

TIPO: Eumétrico (peso cerca dos 500 kg); mediolíneo; subconvexílineo (de formas arredondadas), de silhueta inscritível num quadrado.

ALTURA: média ao garrote (cernelha), medida com hipômetro, aos 6 anos:
Fêmea 1,55m e Machos 1,60m

PELAGEM: As mais apreciadas são a tordilha (ruça) e a castanha, em todos os seus matizes.

TEMPERAMENTO: Nobre, generoso e ardente, mas sempre dócil e sofredor.

ANDAMENTOS: Ágeis e elevados, projetando-se para diante, suaves e de grande comodidade para o cavaleiro.

APTIDÃO: Tendência natural para a concentração, com grande predisposição para exercícios de Alta-Escola e grande coragem e entusiasmo nos exercícios da gineta (combate, caça, toureio, manejo de gado, etc).

CABEÇA: Bem proporcionada, de comprimento médio, delgada e seca, de ramo mandibular pouco desenvolvido e faces relativamente compridas, de perfil levemente subconvexo, fronte levemente abaulada (sobressaindo entre as arcadas supraciliares), olhos sobre o elíptico, grandes e vivos, expressivos e confiantes. As orelhas são de comprimento médio, finas, delgadas e expressivas.

PESCOÇO: De comprimento médio, rodado, de crineira delgada, de ligação estreita à cabeça, largo na base, e bem inserido nas espáduas, saindo do garrote (cernelha) sem depressão acentuada.

GARROTE: (cernelha) Bem destacado extenso, numa transição suave entre o dorso e o pescoço, sempre mais levemente elevado que a garupa. Nos machos inteiros fica afogado em gordura, mas destaca-se sempre bem das espáduas.

PEITORAL: De amplidão média, profundo e musculoso.

COSTADO: Bem desenvolvido, extenso e profundo, costelas levemente arqueadas, inseridas obliquamente na coluna vertebral, proporcionando um flanco curto e cheio.

ESPÁDUAS: Compridas, oblíquas e bem musculadas.

DORSO: Bem dirigido, tendendo para o horizontal, servindo de traço de união suave entre o garrote e o rim.

RIM: Curto, largo, levemente convexo, bem ligado ao dorso e à garupa com a qual forma uma linha contínua e perfeitamente harmônica.

GARUPA: Forte e arredondada, bem proporcionada, ligeiramente oblíqua, de comprimento e largura de dimensões idênticas, de perfil convexo, harmônico, e ponta das ancas pouco evidentes, conferindo à garupa uma secção transversal elíptica.

Cauda saindo no seguimento da curvatura da garupa, de crinas sedosas, longas e abundantes.

MEMBROS: Braço bem musculado, harmoniosamente inclinado.
Antebraço bem aprumado e musculado
Joelho seco e largo
Canelas sobre o comprido, secas e com os tendões bem destacados
Boletos secos, relativamente volumosos, e quase sem machinhos.
Quartelas relativamente compridas e oblíquas.
Cascos de boa constituição, bem conformados e proporcionados, de talões não muito abertos e coroa pouco evidente.
Nádega curta e convexa
Coxa musculosa, sobre o curto, dirigida de modo que a rótula se situa na vertical da ponta da anca.
Perna sobre o comprido, colocando a ponta do curvilhão na vertical da ponta da nádega.
Curvilhão largo, forte e seco.
Os membros posteriores apresentam ângulos relativamente fechados.

As três linhas principais

the symbol Andrade Andrade (RA/SA)

A linhagem Andrade é de cavalos de sela, de grande força e porte, andamentos elegantes e de muita funcionalidade tanto para touradas quanto para esporte ou serviço. São cavalos de elevada estatura, perfil de cabeça tendendo para o retilíneo e garupas arredondadas.

Ninguém melhor do que o próprio Dr. Ruy d’Andrade para descrevê-los:

“… são cavalos fortes, curtos, valentes com os touros, ardentes se provocados e calmos se não excitados, velozes na corrida e rápidos nas voltas e de bom passo, finos à espora, submissos de boa boca, infindáveis, resistentes a tudo…”

O processo de seleção usado por Andrade do utilizado na linhagem Veiga, de acordo com Baptista Coelho, que escreveu:

“Ao inverso de Manuel Veiga, partiu de uma base morfológica sólida, procurando em seguida fixar as qualidades mais subtis.”

A Coudelaria Andrade, como hoje a conhecemos, foi formada pelo processo acima descrito, a partir do famoso Príncipe VIII, garanhão Chica Navarro, neto e bisneto do “chefe de linha” Primoroso.

the symbol Veiga Veiga

A linhagem Veiga produziu animais guerreiros da antiga Lusitânia, típicos para touradas, de menor porte e de grande funcionalidade. Têm a cabeça convexa típica, chamada “cabeça aveigada”, membros finos acurvilhados, grande impulsão e pescoços flexíveis e altivos.

Manuel Veiga assim descreveu o cavalo que produziu:

“Cavalos nervosos, cheios de garbo, duma obediência que parecia feita do desejo de adivinhar a vontade do cavaleiro, a cabeça erguida, longas crinas ao vento, movimentos altos e duma rapidez fulminante afrontando com indômita coragem todos os perigos…”

Veiga é uma autêntica “raça” dentro do PSL, e quando utilizados sobre quaisquer éguas da raça, os garanhões Veiga têm o condão de reproduzir nos filhos as características mais típicas da raça.

A seleção desses cavalos se fez pela funcionalidade, como relata Baptista Coelho:

“… nem a altura, nem a morfologia acadêmica, nem a cor, nem a forma da cabeça. Tudo lhe foi oferecido pela própria raça: cabeças lindíssimas, finas, secas e ligeiramente convexas hoje chamadas aveigadas, cores raras e antigas… membros finos acurvilhados, dorsos flexíveis, uma rara impulsão, belos pescoços maleáveis…enfim a raça ofereceu-lhe um cavalo que faz vibrar esse nosso povo de cavaleiros.”

the symbol Portuguese State Coudelaria Nacional Portuguese State / Coudelaria Nacional (CN) e the symbol Alter Real Alter Real (AR)

A Coudelaria de Alter Real, fundada em 1748 por D. João V cria os conhecidos cavalos castanhos utilizados pela Escola Portuguesa de Arte Equestre, sucessora da Picaria Real.

O tipo de cavalo produzido na Coudelaria Nacional se aproxima do Cavalo Espanhol do Século XVIII. Não por outra razão, a maioria das linhagens utilizadas pela Coudelaria Nacional são de origem espanhola, descendente dos “chefes de linha” Hucharia, Primoroso e Destinado.

São cavalos de grande porte, geralmente mais longos, fortes, de garupas mais planas e que servem tanto para sela quanto para engate.

A raça Lusitana nos tempos modernos

A descrição das principais linhagens da raça não pretende se constituir numa taxonomia final.

Há que se considerar que existem muitas importantes Coudelarias que produzem excelentes animais, quer mantendo essas linhagens básicas, quer misturando-as, com ótimos resultados. Mais recentemente, o cruzamento das linhagens Veiga e Andrade, ambas produtoras de cavalos funcionais, produziu alguns dos garanhões mais célebres deste final de século: Neptuno, Opus, Novilheiro e Trinco, todos filhos do Firme (Andrade) com éguas Veiga.

Linhagens em Portugal

O Livro Genealógico Português de Equinos informa que em 31/Dez/1989, identificava-se a presença marcante de seis “chefes de linha”, uma égua e cinco garanhões, que contribuíram de forma preponderante na formação do efetivo atual do PSL. São eles os seguintes:

AGARENO: Garanhão Veiga (MV) nascido em 1931, filho de Lidador II (MV) e Bagocha (MV)

PRIMOROSO: Garanhão Dominguez Hermanos (DH), nascido em 1927, filho de Presumido (DH) e Primorosa II (DH).

DESTINADO: Garanhão Dominguez Hermanos (DH), nascido em 1930, filho de Alegre II (DH) e Destinada (DH).

MARIALVA II: Garanhão Antonio Fontes Pereira de Melo (APM), nascido em 1930, filho de Marialva (APM) e Campina (APM).

REGEDOR: Garanhão Alter Real (AR), nascido em 1923, filho de Gaivoto (AR) e Gavina (AR).

HUCHARIA: Égua da Coudelaria Nacional (CN), nascida em 1943, filha de Cartujano (APT) e Vizacaína (MRB).

Esses “chefes de linha” estão na base das 3 principais linhagens atuais do PSL: Andrade,Veiga e Coudelaria Nacional, cada uma delas com características próprias, que sem fugirem do padrão da raça, as diferenciam das outras.

Linhagem Interagro

As linhas presentes na criação Interagro são as seguintes:

Andrade
Coudelaria Nacional
Veiga
Outras linhagens

Andrade – Interagro

A Interagro adquiriu em 1992 o famoso garanhão Yacht (SA), filho de Martini e duas vezes neto de Príncipe VIII, garanhão formador da Coudelaria Andrade. Yacht foi um reprodutor provado em Portugal onde serviu em algumas das principais Coudelarias, como Andrade, Veiga, Campilho, deixando lá mais de uma centena de filhos, muitos deles premiados. É pai de animais conhecidos como Dragão (SA), Ícaro (SA), Gavial (SA) – que foram exportados para o Brasil.

A Interagro importou também 15 fêmeas Andrade e a partir de ano hípico 1994/95 passou a produzir animais com 100% de sangue dessa importante linhagem; entre os quais Querer Interagro e o Campeão de Adestramento Clássico pelo Ranking Federação Paulista de HipismoObtuso Interagro, exportado pra os EUA em 2002.

Veiga – Interagro

Xique-Xique (CI) – ferro Quina, filho de Quieto (CI) e Nieta (CI). É hoje considerado como um dos garanhões mais importantes da raça, mercê dos filhos de extraordinária beleza e funcionalidade que produziu.

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Emir II (MV)

EMIR II (MV) – ferro Veiga, filho de Universo (MV) e Laranja II (MV) foi adquirido diretamente da Coudelaria Veiga em Portugal. Tanto pela linha paterna quanto materna, traz o que há de mais típico e representativo do sangue Veiga. Foi adquirido em 2003 pelo Haras Quintana de Holambra/SP, Brasil.

UFANO II (MV) – A Interagro conseguiu trazê-lo de Portugal depois que o filho do mundialmente renomado toureiro Manuel Núncio, Manuel Jr, concordou em vendê-lo sabendo que pela dedicação da Interagro à linhagem Veiga esta linha seria aqui preservada. Provavelmente o garanhão de maior importância histórica já importado.

VISQUEIRO (CI) – Reprodutor de sangue 100% Veiga, da famosa Coudelaria Quina, extinta na Revolução de 1974  é considerado juntamente com seu irmão completo Xique-Xique (CI) como um dos melhores reprodutores  da raça.   Antes de vir para o Brasil, foi utilizado pela Coudelaria de Francisco Van Zeller Pereira Palha (FPP), (Nico Palha).  Importado pela Top-Agropecuária, foi cedido para a Interagro em 1999.

DANÚBIO III (MV) – Nascido em 08/01/85, foi um dos mais importantes e famosos garanhões Lusitanos de todos os tempos. Campeão dos Campeões em Portugal no ano de 1988. Muito utilizado pelos criadores portugueses gerou uma quantidade de filhos premiados em Portugal, inclusive, o OFENSOR (MV), Grande Campeão da Golegã aos quatro anos de idade, serviu na Interagro junto a Quixote Interagro e Quantum Interagro.

OFENSOR (MV) – Filho de Danúbio III (MV) e Tricana II (MV), reprodutor de sangue 100% Veiga, Ofensor (MV) descende do que há de melhor e mais nobre nas genealogias modernas do PSL, pertencendo à notável linhagem Firme (SA)/Nilo (MV)/Novilheiro (MV), possivelmente a que maior influência tem tido na formação do atual PSL.

PERDIGUEIRO (MAC) – Iniciado no toureio pelo cavaleiro tauromáquico  Pablo Hermozo de Mendonza. Sofreu acidente que o inabilitou para as corridas de touros, motivo pelo qual, foi possível adquiri-lo ao conhecido toureiro espanhol. Está servindo na Interagro desde 2001.

PICASSO (JNU) – Único garanhão Núncio em atividade no Brasil, importado pela Interagro hoje servindo na Coudelaria do Castanheiro em Tatuí -SP, Brasil

NICOLA (MAC) – É hoje um dos principais garanhões da Interagro. Animal de grande porte e correção morfológica, imprime sua “assinatura” em todos seus filhos de ambos os sexos.

A Interagro é provavelmente o único criador de Lusitano fora de Portugal que possui em grupo de mais de 20 éguas Veiga puras, além de poder ser considerado hoje o maior criador de Veigas no mundo.

Em 1994 e 1995 a Interagro importou um grupo de 10 potras Coimbra e em 1996, 6 éguas de Manuel Veiga. Em 1999 um grupo de éguas Núncio foi incorporado ao plantel.

Coudelaria Nacional – Interagro

O início do criatório da Interagro se deu em 1977 com animais dessa linhagem, provenientes das Coudelarias Barata Freixo e Oliveira e Sousa. Destacou-se nesse período o garanhão NÍQUEL (BF), titular de vasta e premiada progênie.

Posteriormente, APOLO DO MIRANTE, Campeão Cavalo Brasileiro, nascido e criado na Interagro, foi largamente utilizado, também com excelentes resultados, aumentando a base de sangue CN.

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Bronze (BF)

Além de Apolo foram utilizados Ariel do Mirante, Gabriel e Bronze (BF), todos da linhagem CN.

Em 1994 o garanhão TUIM (CN) foi adquirido pela Interagro diretamente da Coudelaria Nacional. Trata-se de um reprodutor aprovado com 81,5 pontos, Medalha de Ouro e que produziu excelentes filhos tanto na Coudelaria Nacional quanto nas diversas Coudelarias portuguesas em que serviu.

O plantel feminino da Interagro conta com muitas éguas de pura linhagem CN, com destaque para Biluca do Mirante, entre outras, que é várias vezes Campeã Nacional.

Outras linhagens – Interagro

Além da produção de animais com 100% de sangue das 3 linhagens básicas da raça, a Interagro procura desenvolver e fixar um tipo próprio de PSL a partir de cruzamentos programados entre reprodutores e matrizes dessas origens primitivas da raça. É o trabalho, meio arte, meio ciência, que toda coudelaria consciente ou inconscientemente realiza, na busca de seu tipo ideal de cavalo, como diz Baptista Coelho:

“Criar o Puro Sangue Lusitano é entrar nesse mundo mágico da intuição e o criador fica apaixonado e vai fazendo o cavalo à imagem do seu sonho”

Alguns resultados muito auspiciosos já foram alcançados, destacando-se entre outros os seguintes animais excepcionais de criação Interagro premiados em Exposições Nacionais:

Veiga – Andrade

Legendário do Mirante [Novilheiro (MV) x Ulisseia (RC)]; Menelau Interagro [Emir II (MV) x Guria (MP)]; Maravilha Do Mirante [Emir II (MV) x Ema do Mirante].

Veiga – Coudelaria Nacional

Lindeira do Mirante [Xique–Xique (CI) x Dama do Mirante] Grande Campeã Internacional de 1993; Núncio do Mirante [Xique–Xique (CI) x Heureca do Mirante]; Magnata Interagro [Xique–Xique (CI) x Ira do Mirante] – estes 2 hoje de propriedade de criadores americanos – Lágrima do Mirante [Xique–Xique (CI) x Janota II (OS)].

Origens

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Três conclusões importantes derivam da recente história do Cavalo Ibérico:

– As qualidades e valor genético do Cavalo Ibérico fizeram com que ele sobrevivesse incólume a todas as incursões sanguíneas exógenas ocorridas, quer por acidentes históricos, quer pela ação desastrada do homem;

– Que nenhuma destas experiências genéticas conseguiu aprimorar a raça, mas muito pelo contrário só desvirtuou-a. Porém ao revés, onde entrou, o sangue ibérico só trouxe melhorias. Dele descendem todos os bons cavalos de sela hoje existentes e todas as raças equinas da América;

– É a obrigação de manter este extraordinário patrimônio genético milenar que deve orientar a atuação dos criadores de hoje. É esse o trabalho que há cerca de 30 anos vem tentando realizar a Interagro.

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